Maktub

Eu sou do tipo que ainda se surpreende com os pequenos milagres e os pontos sem nó que a vida dá.

 

Boa parte da tristeza que assolou meu coração essa semana vem do fato de ter constatado que não adianta nadar contra a correnteza, brigar, bater cabeça na parede, fazer malabarismo quando o destino certo de algo é a pura e simples morte. Mesmo que seja uma amizade de mais de vinte anos. Como nas árvores do cerrado, durante algum tempo, eu tentei enxergar no meio do tronco seco e retorcido um brotinho, uma folhinha, algum sinal verde que mostrasse que era possível renascer e recomeçar, mas não foi possível. E a minha tristeza vem não do fato de constatar a previsível morte mas simplesmente por não me importar com isso. Deveria sofrer, me descabelar, tentar ressuscitar a amizade a choques e massagem cardíaca e viver esse luto com a mesma intensidade de anos que a amizade foi vivida. Porém, quando o sentimento que impera é o de indiferença é mais que um sinal de que tudo estava fadado a perecer mesmo.

Assim, rápido e indolor. 

Do jeito que eu gosto.

 

 E como na montanha-russa da vida nada fica parado, ao mesmo tempo em que uma grande amizade é arrancada da minha vida pela raiz, o solo revolto já revela dois lindos brotinhos verdes nascendo, com indícios de que duas lindas e frondosas amizades estão a caminho e se fortalecem a cada dia.

Assim, mais uma vez, abrindo espaço para o novo, a vida se refaz.

 

Bom final de semana!!!!