1.16.2003

ATENÇÃO. O post a seguir contém cenas de violência extremada, sangue, luta e pornografia. Desaconselhável a leitura por menores de 18 anos, gestantes e pessoas com problemas cardíacos e respiratórios.


Manhã de quinta-feira. Ela acorda com um telefonema e lembra que o dia de enfrentar o lindo, porém não menos carrasco, havia chegado. Todos os seus temores vieram à tona. Ficou nervosa, não conseguia disfarçar a ansiedade e a tensão, mas tratou de tomar um demorado banho, preparando-se para encontrar seu algoz dignamente. A chuva torrencial emoldurava o tão fatídico dia, cravejando de relâmpagos a tarde sombria. Chegou antes do horário marcado para a execução. Perdeu-se por alguns instantes nas imagens de uma revista de mergulho e desejou, por tudo no mundo, estar naquele mar azul, observando aquelas cenas magníficas. As paredes brancas e frias transformaram-se em uma cela. Ela estava presa ali e não haveria como escapar. O psicopata de olhos azuis a deitou na longa cadeira. Os instrumentos todos preparados, lado a lado, pareciam sorrir sarcasticamente, ansiando para começarem a tortura. As cenas que se seguiram foram um misto de violência e prazer. Ele introduziu o dedo através de seus lábios, e ela pode sentir algo pontudo no céu da boca, ao mesmo tempo que sua língua era sugada violentamente. -Se doer, você avisa, ele disse. Ela se limitou a concordar com a cabeça, enquanto algo enorme adentrava sua boca, cutucando-a. Ele tinha uma expressão preocupante, e concentrava-se na sua tarefa. Um líquido quente aqueceu sua língua, um gosto diferente, meio doce, meio amargo, atraente, até, enquanto algo se movia freneticamente dentro de sua cavidade bucal. De repente, em um tranco, ele suspira aliviado e ela identifica o líquido. Era sangue. Sim, ela estava sangrando desordenadamente. Sorridente, ele retirou a coisa dura e branca de sua boca. Não bastasse tudo isso, ele queria mostrar seus dotes de alfaiate e, com uma linha, começou a costurá-la. A aflição tomava conta de sua pessoa, enquanto via o prazer em seus olhos após a tarefa cumprida com êxito. Ela estava tonta, anestesiada, e ouviu distante as recomendações do pós-pesadelo. Foram apenas 20 minutos, que pareceram uma eternidade. Mas o importante era que estava viva. E quase inteira. Só queria sair dali o mais rápido possível, deixando, ali no consultório do dentista, o seu dente do siso.

Agora que perdi o juízo e já não estou mais sob o efeito Lucy in the Sky with Diamonds da anestesia, posso falar. A extração transcorreu normalmente, e até mais rápido do que eu esperava. O único senão foi a língua adormecida e retardada, que ganhou uma bela mordida. Não sei se é porque sou realmente resistente à dor, mas ela não apareceu, nem na hora, nem depois.Sinto um pequeno incomodo e um breve dolorido onde as anestesias pegaram. Sei de algumas pessoas que tiveram sérias complicações de pós-operatório. Ainda não dormi e essa deve ser a pior parte. O acordar no dia seguinte. Mas, acredito que esteja tudo realmente bem. Porque é um saco comer gelatina com leite condensado o dia todo e, quando a fome aperta, se contentar com uma sopa fria. Só espero não ficar inchada, porque amanhã tem Lua Cheia. E, se extrair o dente do siso for só isso, fico mais tranquila, pois ainda restam mais 3.

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