3.11.2005

Eu sempre fui a ariana espevitada, a rebelde sem causa, a impulsiva, que tinha idéias mirabolantes, ia, fazia e acontecia, sem olhar pra trás. A revolucionária, a líder, a cheia de um monte de coisa boa que ainda tento enxergar em mim. E, por incrível que pareça, mesmo com os tombos, era feliz. Um ano de depressão esconderam essa ariana em algum lugar que ainda procuro. Certa vez, no auge de uma discussão, ouvi de alguém muito querido 'cadê aquela ariana que vai de cabeça em tudo, determinada, disposta, que batalha, luta e dá a cara pra bater?'. Eu tentei resgatá-la lá no fundo-de-seja-lá-onde-ela-se-encontrava. Num suspiro e num impulso tentei trazê-la de volta. Sabe o que aconteceu? Ela foi tolhida de todas as maneiras que alguém pode imaginar, inclusive por quem clamou o seu retorno. Cortaram seu sonho pela raiz. Ela entendeu, aceitou, calou. Afinal, ela precisava ser adulta, também. Ela caracolizou seu maior sonho imediato e encarou numa boa. Foi sensata, coerente e paciente. Sabem o que aconteceu? Ela se fudeu. É. Eu também falo palavrão. Ela se fudeu de verde e amarelo. Por ser verde e amarela. FUDIDA de marré-de-si. Ela abdicou de sua natureza e levou a maior rasteira do mundo. Porque sabe que se tivesse seguido seu instinto, as coisas seriam diferentes e ela estaria feliz e de volta. Mas não. Vai, tonta, dá ouvidos. Vai, besta, tenta fazer tudo direitinho e planejado. Você nunca foi a rainha do planejamento. Bem-feito. BEM-FEITO. Burra. Burra. Burra. Se você fosse uma ariana mesmo, já teria ido atrás do que realmente queria. Como disse um querido, Deus é Ragabash. Hoje eu acredito nisso mais que nunca. Se esse tal de Deus existe mesmo, ele é injusto, ingrato e nem olha por seus filhos. Balela tudo aquilo que você aprendeu nas aulas de religião.

Deus, você tá aí?
Então vai pro inferno.

Sem comentários:

Enviar um comentário