9.11.2003

Eu sou uma farsa.

Uma grande farsa.

Uma farsa fedida, suja e sem igual.

Eu não valho nada.

Sabem aquela história do Atentado Poético, de alguns posts atrás, de 'libertar' um livro que foi importante para você em um lugar público? Aquela história toda que eu buzinei pra todo mundo, insisti para que todos fizessem isso, visando abrandar a egrégora que se formou sobre o dia de hoje... Aquela história que eu já tinha até escolhido o livro, O Menino no Espelho, de Fernando Sabino, pois foi o primeiro 'livro de gente grande' (= com muitas páginas) que eu li, e que fez a loira aqui, do alto dos seus 10 anos nunca querer crescer? Aquela história da dedicatória pensada, que pediria para o 'adotante' do livro despertar a criança existente dentro dele, aquela cheia de sonhos, vontades e bondade, que após a leitura, o 'libertasse' novamente, para que outras pessoas pudessem enxergar através dos olhos de Sabino... Sabem todo aquele blá-blá-blá que fiz em cima dessa história, por realmente acreditar que podemos fazer algo de bom, sim. Por acreditar que a pessoa que encontrasse esse livro iria sorrir, do mesmo modo que eu sorriria se tivesse encontrado algum outro. Por acreditar que a alma infantil nunca deve ser abandonada. Por acreditar que ser um adulto maduro e consciente é ter a sua porção criança bem desperta. Sabem o livro? Pois é, na correria, esqueci em casa.

Eu sou uma farsa.

Nunca mais acreditem em mim.
Nunca mais confiem nas coisas que eu falo.

Porque eu só falo. Nunca faço nada.

Eu sou apenas um cenário. De papelão. Dos bem vagabundos.

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