6.05.2003

Mãe Natureza
Rodrigo Meyer

"Você é a árvore que eu buscava, procurava,
Seus galhos tão fortes, cheio de folhas penduradas,
Um verde precioso, com outros tantos tons,
Um conjunto de verdes, um conjunto de marrons,

Flor crescida, árvore mãe, planta de família,
Você floresce em datas certas, mas nunca se intimida,
Precisa de um conforto que nós podemos dar,
Em troca, nos surpreendemos com o seu Luar,

Você é uma planta, um morro, um lago azulado,
Você é energia que brota das pedras, por todo lado,
Você é a cor dos bichos, e suas camuflagens,
Você é divina, e nós conhecemos suas imagens,

Às vezes é uma mata, às vezes é uma clareira,
Às vezes é uma gata, às vezes é uma coleira,
Às vezes é uma água, às vezes é uma corredeira,
Às vezes parece calma, às vezes é bagunceira,

Fria ou calorosa, quente ou congelante,
Pedra preciosa, superfície tão brilhante,
Luz por entre as matas e nuvens, noite ao final,
Exceto nas auroras, que brilham em meu quintal,

Onde faço do terreno, sua própria criação,
Montanhas, vales pequenos, pura adoração,
Cercados de energia, plantas que nos presenteou,
Animais de todos tipos, surpresas que semeou,

Não posso contar aos dedos os tons que posso ver,
São tantos, e tão bonitos, que custo à entender,
Que são belos, e tão precisos, para se reter,
Por isso explodem como artifícios ao amanhecer,

Do cinza tão tristonho, vejo serenidade,
Do preto, tão medonho, vejo neutralidade,
Do roxo, tão explêndido, vejo privacidade,
Do branco, e todos tons, vejo variedade,

As cores que antes doíam, hoje vibram ao meu favor,
Os tons tão variáveis, hoje se unem pelo meu amor,
Amor à Natureza, à Vida e ao Universo que nos criou,
Amor à Beleza, à Corrida, aos Prêmios que nos deixou,

Tão completa, e distorcida, se vista de onde estou,
Minha Mãe, minha querida, minha agente de Moscou,
Espiã, tão preferida, que me olha, sem eu notar,
Camuflada e tão bonita, veio pra me sequestrar,

Nem de longe, nem de perto, posso ver onde você está,
Sou refém da luz do dia, e companheiro do seu luar,
Morpheus me trouxe um dia, e você vai me levar,
Foi um sonho que eu tive, onde vi você chegar,

Eu me lembro cada segundo, de quando lhe vi cantar,
Era baixo, mas tão profundo, que alí eu pude achar,
Tão imenso e glorioso mundo, do qual quero trilhar,
Os momentos absurdos, que antes me faziam parar,

Agora sou seu filho, e você vai me ensinar,
A Lua tem seu brilho, e nele quero estar,
A Mata é um trilho, mas sem vagão para correr,
Os Seres que nela habitam, já sabem como viver,

Homens, Mulheres, Crianças e Animais,
Todos são iguais, precisam de algo mais,
Instinto ou reverência, ao dom que nos deu,
Viver tão sabiamente, em busca do que é seu,

Oportunidade que nós geramos, e agora admiramos,
Como se fosse de um terceiro, ou de outros planos,
Queremos e prometemos, encontros, conversas,
Somos parceiros, ainda que haja controversas,

Aguardamos o seu chamado, seu grito todo estrelado,
Repleto de viajantes, amigos que estão do nosso lado,
São eles, em naves prateadas, habilitadas pra outros mundos,
O que antes era mistério, hoje são contatos de surdos e mudos,

Sem palavras, ou idéias claras, mas que nunca confundimos,
São chamados, mensagens altas, que sentimos quando vimos,
Meses, anos, séculos ou milênios atrás, mas sempre em seu posto,
Chamando de uma forma tão rica, tocando com vento, nosso rosto,

Batendo a água na pedra, ecoando um som universal,
Que podemos ouvir, se olharmos pra cima do quintal,
A brincadeira de existir, faz da Terra nossa casa,
Cujo quintal reparte da Arte, nos dá um par de asa,

Voamos em sua direção, sem saber se chegamos ou não,
Somos bruxos, somos atentos, aos sorrisos de emoção,
Choramos, choramos muito, e sempre com o coração,
E se fazemos da vida sentimentos, aumentamos a razão,

Se a vida não fosse isso, não seria a Vida então,
Conheci a eternidade, que se abre na imensidão,
Tão gigante Universo, que muito nos fascina,
E do fascínio vem a Arte, que muito nos ensina,

Abri as sete chaves, da minha consciência,
Escuto, vejo, toco e falo, com mais essência,
Agora sou todo alado, vôo quando quero voar,
Desço para a vida na Terra, quando o sonho acabar,

Aí então abro os braços, e me vejo á cantar,
Tão feliz, eufórico, sorrindo, sempre à pular,
Rituais são parecidos, e sempre me fazem acreditar,
Que o mais belo equilíbrio é mesmo se descontrolar,

Aprendi praticando, e não sei até onde posso chegar,
Se um livro fosse mesmo grande, estaria eu meu altar,
Onde ponho meu espírito, terra, fogo, água e ar,
É tudo de que eu preciso para me comunicar,

Se errado eu estivesse, não saberia te encontrar,
Mas você sempre aparece, quando estou a meditar,
Me carrega, e me floresce, pois eu sou o germinar,
Sou a fruta da sua planta, e sou o vento do seu ar
"




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