7.29.2002

"..Juntos outra vez...
Já sonhamos juntos
Semeando as canções ao vento
Quero ver crescer nossa voz
No que falta sonhar
Já choramos muito, muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar uma nova canção..."


...Era uma vez...

Uma vila chamada Turmalukópolis.
Era pequena em tamanho, mas era enorme em energia. No centro dela havia uma pequena fogueira com uma chama azul, que subia aos céus em forma de espiral. As vezes estava incandescente, por vezes apenas em brasas...
Mas nunca se apagava.
Nela viviam habitantes de todos os jeitos.
Tinha loiros, morenos, ruivos, quase carecas, altos, baixos, orientais, negros, gordos, magros, sonhadores, irmãos, sobrinhos, cavaleiros, gente de outros planetas, skatistas, de todas as classes sociais.
Mas todos se entendiam bem, conviviam em hamonia. Claro que as afinidades aproximavam as pessoas, que formavam pequenas tribos dentro da vila.
Cada um tinha a sua vida pessoal, mas todos estavam ligados por um elo invisível aos olhos.
E era isso que mantinha a chama acesa.
A amizade. O espírito guerreiro, transformador, colorido e musical.
E no final da tarde todos se reuniam na taverna, para apreciar um vinho quente, um fondue, trocar idéias, rir muito, muito, muito, e, claro, jogar RPG. Tudo valia a pena. Pelo simples fato de estarem juntos.
Um dia, apareceu uma pessoa desconhecida e malvada... que tentou, sorrateiramente, apagar a fogueira. Rogou uma maldição, que os habitantes de Turmalukópolis se mudariam, iriam embora, abandonariam seus postos, deixariam de ser quem eram.E foi semeando a discórdia, fazendo com que alguns Turmalukos encarassem esse episódio como fato concreto.
A grande espiral azul sobre a cidade, símbolo da união de todos os seus habitantes, que girava intensamente, começou a movimentar-se cada vez mais devagar... Anunciando que uma atitude deveria ser tomada urgentemente.
Aparentemente, o conformismo imperava. Mas eles não se renderiam.
E convocaram os sobreviventes para a grande guerra.
Todos, abençoados pela grande fada e sua rosa cor-di-rosa encantada, seguiram bravamente para o centro da cidade.
Reunidos no parque, sob o tímido sol de inverno, treinaram a pontaria para a batalha final. E se alimentaram de doces em forma de coração, para terem energia suficiente para enfrentarem seu destino.
Doces que alimentariam não apenas seus corpos, mas encheriam seus corações para o que estava por vir quando o crepúsculo se aproximasse....
Em pequenos grupos, partiram para as colinas como orientou a fada.
Aos poucos, os bravos aventureiros foram chegando....
Não foi um percurso fácil como imaginaram.... alguns tiveram que retornar para buscar os amigos que decidiram na última hora que deveriam se unir ao grupo. Outros foram obrigados a seguir por caminhos tortuosos, ficando perdidos por algum tempo nas terras escuras. E aquele que sempre se atrasava porque se desviava do caminho, chegou na hora marcada.
E nada impediu que o grupo finalmente estivesse unido à meia noite...
A fada tratara de arranjar encantamentos para garantir um lindo dia ensolarado e uma noite muito agradável em pleno inverno.Com direito a uma majestosa lua cheia no céu....
Com muito amor, carinho, um bardo azul com seu violão nas mãos, seguiram cantando noite adentro. Sorrindo, relembrando as histórias esquecidas, os fatos engraçados...
Tudo seguia como esperavam.
As lembranças inundavam o ambiente e as calorosas conversas que junto com as pequenas fogueiras que derretiam o queijo e o chocolate, tornavam a noite fria ainda mais agradável.
Então, a fada começou a ficar inquieta... perguntando para todos se conheciam o feitiço do carinho...
Os habitantes de Tumalukópolis, apesar do nome sugestivo, não conheciam esse feitiço... nem a rosa, nem o bardo azul, nem a elfa do telhado... então, depois de esforçar-se muito para relembrar, a fada saiu em busca do tufo encantado.
Então, sem que ninguém notasse, a magia começou.
Quando a fada, delicadamente retirou um pedacinho do tufo mágico e dedicou a todos os habitantes de Turmalukópolis, todos começaram a entender.... Presentes, ausentes, os que tinham abandonado a pequena vila em busca de novas aventuras, os que persistiam em manter a chama acessa. Velhos, novos... todos estavam representados naquele pequeno e singelo pedacinho branco e fofo.
Como todos esperavam, o segundo tufo foi dedicado à Rosa encantada, que morava em uma terra distante, além das colinas, próxima ao mar, mas que estava sempre presente no coração da Fada.
Rosa encantada era, tal qual sua irmã, uma fadinha muito doce, com cara de boneca e lindos olhos... que por vezes marejavam e transbordavam. Mas a rosa encantada tinha muita sabedoria, muito amor no coração e uma força dentro de si, uma coragem para enfrentar as dificuldades, do alto de seus poucos centímetros, que a tornavam uma gigante, preparada para a grande guerra.
Emocionadas, elas transmitiram exatamente o que o feitiço necessitava para dar certo e todos passaram a fazer a mesma coisa. Relembrando cada pessoa, cada nome, cada momento especial ou divertido que merecia ser registrado. O motivo pelo qual decidiram habitar a pequena vila e o porque estavam ali, empunhando suas armas para a batalha. Com os olhos brilhantes de lágrimas, o ar impregnado de emoção, o tufo mágico foi passando de mão em mão...
A maldição estava desfeita.
O tufo mágico aqueceu-se e começou a irradiar energia, que se expandiu em forma de raios, atingindo a todos os presentes.
E ultrapassou as barreiras do tempo e do espaço.
E assim, poucos minutos antes do sol anunciar um novo dia, os habitantes da pequena vila foram partindo. Exaustos, mas completos... revigorados e cheios de uma nova esperança, sorrindo por dentro.
Partiram, prontos para compartilhar com os que não tinham conseguido participar do encanto, as maravilhas de poder encontrar muito mais que amigos, mas encontrar em si mesmo a força capaz de fazer milagres: o *A*M*O*R* *I*N*C*O*N*D*I*C*I*O*N*A*L*.
E assim, como conta a lenda, os habitantes de Turmalukópolis aprenderam a antiga lição do Carinho.
Quanto mais carinho fosse dado, mais carinho seria recebido, em uma corrente eterna... maior que qualquer maldição ou feitiço.
A distância, as diferenças, as intrigas, o tempo.
Nada resistiria à sua força.

...E assim, naquele dia, a fogueira reacendeu, de forma indescritível, para nunca mais apagar...



"...Mesmo com o tempo e a distância...
Digam não!
Mesmo esquecendo a canção...
O que importa é ouvir, a voz que vem do coração...
Qualquer dia amigo eu volto, pra te encontrar...
Qualquer dia amigo a gente... vai se encontrar...




Um post a quatro mãos. Duas daqui. Duas dali.





Sem comentários:

Enviar um comentário